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segunda-feira, 7 de julho de 2014

[XXVIII] Ecos D'Alma


Oh! madrugada de ilusões, santíssima,
Sombra perdida lá do meu Passado,
Vinde entornar a clâmide puríssima
Da luz que fulge no ideal sagrado!

Longe das tristes noites tumulares

Quem me dera viver entre quimeras,
Por entre o resplendor das Primaveras
Oh! madrugada azul dos meus sonhares.

Mas quando vibrar a última balada

Da tarde e se calar a passarada
Na bruma sepulcral que o céu embaça

Quem me dera morrer então risonho

Fitando a nebulosa do meu sonho
E a Via-Látea da Ilusão que passa!


(Augusto dos Anjos)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

[XXVII] Não acredite...


Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.

(Buda)

sábado, 22 de março de 2014

[XXVI] Poema da Necessidade


É preciso casar João, 
é preciso suportar Antônio, 
é preciso odiar Melquíades, 
é preciso substituir nós todos. 

É preciso salvar o país, 
é preciso crer em Deus, 
é preciso pagar as dívidas, 
é preciso comprar um rádio, 
é preciso esquecer fulana. 

É preciso estudar volapuque, 
é preciso estar sempre bêbedo, 
é preciso ler Baudelaire, 
é preciso colher as flores 
de que rezam velhos autores. 

É preciso viver com os homens, 
é preciso não assassiná-los, 
é preciso ter mãos pálidas 
e anunciar o FIM DO MUNDO. 

(Carlos Drummond de Andrade, in "Sentimento do Mundo")

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

[XXV] A araucária


Nostálgica e solene, ufana e solitária,
As raízes na terra, a verde palma no ar,
No vasto descampado, é de ver-se a araucária
A torre vegetal dos ramos a elevar...

Sonha, talvez, possuir a ventura arbitrária
De haurir no éter azul, num hausto salutar,
A emanação de luz à vida necessária,
A árvore, a prumo erguida, o espaço a dominar.

Ascende para o céu, no sonho de glória,
Como se a própria seiva a obrigasse a crescer
Para anseio fatal da conquista ilusória...

E nessa aspiração é de vê-la verter,
Ao ver eternizar-se uma ânsia transitória,
Em lágrimas de mel, angústia do seu ser.

(Da Costa e Silva)